Rota das Emoções – [12/05/2012] Centro Histórico de São Luís e ida para Santo Amaro

♦ Tínhamos a manhã em São Luís antes de partirmos pra Santo Amaro. Começamos então pela Pedra da Memória que fica a beira-mar. Não tem nada de especial na verdade. É uma pedra triangular erguida em memória a D. Pedro. Dali, subimos novamente as escadas e passamos pelo Palácio dos Leões e pelos prédios públicos. Estávamos em busca do Solar São Luís que segundo minhas pesquisas é o maior prédio de azulejos do Brasil. Mas nem a Ana com toda sua dramatização conseguiu fazer com que os ludovicenses soubessem do que ela estava falando. Achamos sozinhos no mapa mesmo. O Solar é grande e está em bom estado pois foi reformado pela Caixa Econômica cuja agência fica do lado. Ali em frente é o Largo do Carmo e a Igreja do Carmo. Visitamos ambos e da Igreja do Carmo vimos outros bonitos prédios de azulejos.

♦ Atrás da Igreja encontramos o Teatro Arthur Azevedo mas a visitação só ocorre de 3ª a 6ª, então nada feito. Foi aí que descobrimos que o Ricardo Pereira tinha ido a São Luís por causa da peça dele.

♦ Seguimos para o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, esse sim uma grata surpresa. É uma casa do século XIX que já pertenceu a três famílias e também serviu de sede do governo. Sarney comprou a casa e fez o museu em 1973. Passamos pela sala de visitas para negócios que tinha um recamier, símbolo de status, o relógio “A caçada” e vasos azuis pintados de branco por Mary Gregory, lindos, que já tínhamos visto no Palácio dos Leões, mas não foi possível registrar lá. Havia uma sala de visitas separada para as moças. Na sala de música, o teto era construído para melhorar a acústica e permitir a ventilação. No quarto do casal, vimos um berço apesar de na época o berço não ficar no quarto dos pais, pois não havia a noção de maternidade que temos hoje. Se não havia uma escrava com filho recém nascido para amamentar o filho do coronel, eram alugadas escravas como amas de leite! As crianças eram tratadas como adultas, elas não brincavam. No quarto, tinha também uma cadeira-trono para as necessidades fisiológicas, daí a expressão de sentar no troninho. Rs A cadeira era de madeira e havia um penico dentro. Todo dia os escravos carregavam os excrementos em tonéis através do Beco da Bosta para jogá-los no mar. A acidez da urina em contato com o sol manchava a pele e eles eram conhecidos como escravos-tigres. Os presos também eram obrigados a trabalhar dessa forma. Na capital (Rio de Janeiro) e na Europa, o costume era tacar o saquinho de excrementos pela janela! A varanda da casa tinha um forro espinha de peixe, estilo francês. A casa na verdade é um solar. Solares são construídos em U com a residência em cima e a ala dos escravos embaixo e Sobrados, em L com a residência em cima e comércio embaixo. O quarto da moça era totalmente aberto e perto do quarto dos pais. Uma estante mostrava diversos pentes que serviam para pentear o cabelo e como acessório (ex: pente tapa-missa – era tão grande que quem sentava atrás não assistia a missa…). Seguimos pelo quarto do bebê que tinha um berço austríaco, bem diferente, e algumas bonecas gordinhas de louça, e pelo quarto de visitas masculino. Na sala de jantar, vimos um filtro de água com sistema Pasteur e um prato-ladeira, que era inclinado com a parte de baixo mais funda para recolher o molho ou escoar a gordura da comida (!). O doador da maioria dos objetos é Josué Montello (não sabia que ele era maranhense!). Na biblioteca ou escritório, uma estante imponente foi doada pelo presidente da Argentina Julio Roca em 1902. Os argentinos não costumam gostar dessa parte da visita pois Julio Roca foi um ditador que dizimou os aborígenes naquele país. Ao longo dos corredores, vimos várias fotos de artistas maranhenses, dentre eles Aluisio Azevedo (São Luís), Graça Aranha e Gonçalves Dias (Caxias). Por fim, passamos pelo teatro (!) e por um salão de pedra de cantaria. Saímos no Jardim, muito lindo, com as estátuas de deuses romanos (Deusa Minerva, Deusa Ceres e Deus Mercúrio). Passamos para a casa ao lado, que é o Museu de Arte Sacra. Neste museu, existem imagens de santos de várias escolas artísticas: estilo de roca (vazadas embaixo para segurá-las), estilo maneirista, barroco e neoclássico. As obras pertenceram ao Barão de Grajaú (do Rio de Janeiro mesmo). Ah, e ali eu descobri (acho que matei essa aula de história) que o Maranhão e o Grão-Pará só passaram a fazer parte do Brasil em 1811 quando o Marquês de Pombal criou a companhia de comércio para juntar as economias (nem precisa dizer que o Maranhão se deu mal nessa história, né?). Do lado de fora, podíamos fotografar e vimos balas de canhão, balanças, um poço, dentre várias coisas antigas.

São Luís - Centro Histórico - Museu Histórico e Artístico do Maranhão - Deuses romanos no jardim entre este museu e o Museu de Arte Sacra
São Luís – Centro Histórico – Museu Histórico e Artístico do Maranhão – Deuses romanos no jardim entre este museu e o Museu de Arte Sacra

♦ A nossa guia no museu nos indicou a Fonte do Ribeirão ali perto, o Convento das Mercês e o Cafuá das Mercês, um museu de escravos. Então, segue o caminho! A Fonte do Ribeirão foi fácil de achar, mas meio sem graça. Agora, o Convento… Que bizarro! Conseguimos dar uma volta louca e voltar ao ponto de partida lá perto da Igreja da Sé. Acho que passamos por algum portal. Hehehe No caminho, tinha um agrupamento de meninos meio esquisitos e nosso radar de cariocas nos alertou pra parar. Pedimos informação para um cara sentado na porta de casa e ele nos mandou contornar pela rua de trás que o grupo realmente não era bacana. Chegamos ao Convento das Mercês e estava fechado para reformas. O Cafuá, também fechado. Assim, resolvemos nos dar por satisfeitos com nossa andança pelo Centro Histórico.

♦ De volta à pousada, ainda nos faltava conhecer a orla de São Luís. Especialmente eu gostaria de ir no Restaurante Cabana do Sol, super recomendado nas minhas pesquisas, que fica em Calhau. A menina da pousada também nos recomendou e enquanto estávamos ponderando os tempos de ida e volta e custos do taxi, eis que surge o Gildo, o taxista que nos buscou no aeroporto. Ele ofereceu que seu irmão nos levasse lá por R$ 25,00 e ele nos buscaria em um horário combinado pelo mesmo preço. Continuamos tentando pechinchar mas topamos. No caminho, passamos por outras praias: Litorânea, Ponta d’Areia, etc, e chegamos no restaurante, que era bem chiquezinho. As pessoas estavam no andar de cima, mas já não havia mesas na janela… 😦 Escolhemos Prato Típico do Maranhão, que vinha com pescada amarela frita, arroz de cuxá (foi aí que descobrimos que o que comemos no dia anterior era arroz de cuxá) e banana a milanesa, e a especialidade do restaurante: carne de sol, macaxeira, purê de macaxeira, manteiga de garrafa, baião de dois, paçoca, caldo de abóbora e maxixe e banana a milanesa! Esse prato foi pedido a meia porção e não demos conta! A carne de sol é enoooorme! Eles chamam de orelha de elefante. Ela é incrivelmente macia! Uma delícia mesmo. O arroz de cuxá é feito com uma verdura chamada vinagreira que é amarga e deve ser cozida várias vezes pra perder o amargor; por isso que o arroz fica verdinho. Além disso, são acrescentados camarões secos. Muito saboroso! 😉

São Luís - Calhau - Restaurante Cabana do Sol - Ana, Débora e Livia com a deliciosa comida
São Luís – Calhau – Restaurante Cabana do Sol – Ana, Débora e Livia com a deliciosa comida

♦ Na volta para a pousada, o carro do Gildo pifou. Momentos de tensão e o Gilson, irmão dele, veio nos buscar. Acabou dando tudo certo. Chegando na pousada, descobrimos que arrebentou um cano bem em cima do nosso quarto e a cama da Ana, tênis e mochila ficaram molhados. Ainda bem que não dormiríamos lá essa noite. 😉

♦ A van da BRTur para Sangue chegou no horário marcado e partimos para o início da nossa aventura! Longo caminho até Sangue, parando em todo buraco ao longo da estrada para pegar ou deixar passageiros. Eu fui dormindo amarradona e quando chegamos a Sangue, outro buraco no meio do nada que só tem um bar na beira da estrada, a jardineira que ia nos levar já estava parada do lado da van. As malas vão debaixo dos bancos e a jardineira foi lotada. Só os veículos com tração conseguem vencer aquelas areias, mas me surpreendeu pelo relativo conforto: são bancos tipo de ônibus (de antigamente), acolchoadinhos e tal. Fomos pulando sobre as areias por umas 2h, cada vez mais nos afastando da civilização. Tinha uma velhinha do meu lado, que não sei se estava com medo de cair do banco ou o que, mas ela chegava cada vez mais pro meu lado. Ela já estava sentada completamente de lado! E eu quase sentada no colo da Débora. Rs

♦ Chegamos em Santo Amaro por volta de 20:00 e fomos deixados na Hospedaria São José. Fomos recebidos pela Marineide em pessoa. A casa é bem grande e eles estão construindo a expansão. Os quartos eram bons, apesar de o das meninas ser bem abafadão. Fomos tomar banho e depois acertamos com a Marineide todo o nosso roteiro em Santo Amaro! Ela é ótima! Liga pras pessoas certas e ainda organiza as pessoas de outras pousadas pra sair mais barato pra gente. Porque lá o valor é pelo carro, dividido pelas pessoas que vão no passeio.

♦ Queríamos lanchar e a Marineide pediu a um rapaz, o Santo, que nos acompanhasse até o centrinho. Santo Amaro é praticamente uma praça, mas somando os povoados ao redor, parece que são 10.000 habitantes! Incrível! Caminhamos por uma via de areia, passamos pelo poste que só acende quando passamos por ele (e que apaga imediatamente após darmos um passo pra frente! Rs) e encontramos uma ruazinha de pedra que leva até a praça. Santo Amaro tem hospital e escola, mas não vimos as crianças na aula pra tristeza da Ana. Na praça, tem a Igreja obviamente e uma única lanchonete aberta! Comemos hot dog e queijo quente e bebemos um dos melhores sucos da viagem!! Grosso, delicioso! Tinha que beber com aqueles canudos mais grossos, tipo do Compão ou do Bibi. Também tomamos sorvete. Conversamos um pouco com o Santo (que não conseguia nos explicar o cardápio: o que é cremosinho? E sorvete de cartucho?) e…. voltamos pra pousada! Não há nada pra se fazer em Santo Amaro! hehehehe

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